Faltam
só 40 dias, como pode o tempo ter passado tão rápido?
A meses
atrás parecia tão distante, tantas “semanas” para aguardar e
agora está ficando perto demais. Queria poder frear o tempo e
curtir mais um pouco.
No
início são apenas números em um exame, depois vem uma imagem
borrada em preto e branco, com algo sem forma, pois a silhueta demora
a dar as caras. Quando o tal borrão toma uma forma mais natural e
surge uma barriguinha, já se passou quase metade do caminho.
Nos
primeiros meses ainda dava timidez de usar as vagas para gestante no
supermercado e os caixas preferenciais...afinal, será que não
acharão se tratar de uma barriguinha causada pela falta de academia?
Quando a barriga começou a se mostrar mais exuberante é como
tivesse surgido uma bolha em volta da mim, passei de uma mulher
comum, a uma mulher especial, que todo mundo, estranhos e conhecidos
querem puxar assunto, contar uma experiência, perguntar como estou
ou apenas me dar um sorriso para partilhar da alegria do meu momento.
Na minha
turma tão querida de hidroginástica, que fiz com muito orgulho
junto das meninas da terceira idade, ganhei muito mais que amigas
verdadeiras, ganhei um monte de mães que me cuidavam para descer na
piscina, para sair da piscina e que se preocupavam quando me atrasava
para aula.
E
voltando lá no comecinho dessa “viagem”, lembro do exame do
terceiro mês, em um momento surreal, quando a médica arriscou o
primeiro palpite de que seria uma menina. Bom, eu imaginei ter uma
filha desde que ganhei minha boneca preferida aos 4 ou 5 de idade e
lá pelos 10 fiquei encantada pelo nome de uma menininha ainda bebê
que conheci, bem esperta e que morava numa praia linda. Então esse
nome fez parte das minhas lembranças boas da infância. E eu
provavelmente devo ter repetido essa história para muita gente ao
longo desses vinte anos, pois me surpreendi por tanta gente lembrar
disso e vir me falar: você quis tanto ela, que ela está ai, a
Marina.
O Alex
muito compreensivo, concordou sempre com meu desejo e hoje sinto um
orgulho enorme cada vez que ouço ele falar o nome dela, não é mais
a minha Marina, é a nossa!!
E agora
que falta tão pouco para ela chegar, nós dois estamos ansiosos e eu
me sinto um pouco assustada. O bom de ter filho depois de um certo
tempo de casados, é que nós dois já temos a nossa rotina e o nosso
jeito, por isso parece mais fácil de iniciar uma nova fase. Em nossa
casa, mesmo que tenha louça na pia e a cama para esticar, ainda
assim gostamos de organização, de ver a casa arrumadinha, de ver
tudo novinho, funcionando e bonito como no dia que foi comprado. Nós
dois somos muito alinhados com isso, acho que faz parte da
cumplicidade que se cria ao longo dos anos de convivência. Mas como
mencionei lá no começo, em aproximadamente 40 dias vai ter uma
pessoa nova morando aqui...aqui na nossa casa, onde só nós dois,
juntinhos escolhemo o piso, a cor das paredes, as plantas da sacada,
onde fazemos as refeições a hora que dá fome, olhamos filmes até
tarde e de repente vai ter essa menininha que vai fazer parte disso
tudo.
E
certamente ela irá espalhar brinquedos pela casa, vai nos fazer ver
desenhos, e será sempre a prioridade na hora de decidir os destinos
das viagens...e talvez ela risque o papel de parede, vire suco no
sofá, derrube meu celular no chão e bagunce nossa rotina.
Assustador...e o mais assustador é que já não nos imaginamos mais
sem ela!!!